2020 o ano que ficará marcado na vida de todos e sem dúvida, na história da Tambaqui Valley
Ainda no ano de 2019 entre um evento e outro, ocorreu um fator determinante para os rumos da Tambaqui Valley. Fui selecionado, juntamente da Goreth Reis e Rangel Miranda, para participar do FALCOM (Fórum Abstartups com Líderes de Comunidade). Foram dois dias de muita conexão, capacitação e principalmente de intercâmbio com líderes de comunidade do Brasil inteiro. Pessoas incríveis e que estão nessa jornada de comunidades a muito mais tempo do que eu. A lista é extensa: Monnaliza Medeiros, Bruna Barbosa, Pedro Shanzer, Don Jorge, Vinícius Aguiar, Regina Acutu, Vitoriano Ferrero, Lai Amorim, Ferdinando Kun, João Marineli, Vander Nicário, Giselli Martinez, Isadora Azzalin entre muitos outros. Essa foi apenas uma, das muitas iniciativas da Abstartups que contribuíram de forma significativa na formação da nossa comunidade.
Desde 2017 diversas pessoas representando a Abstartups, vieram conhecer nosso pôr-do-sol amazônico e tomar uma cerveja “suja” a beira do Rio Madeira. Pessoas como: Amure Pinho, Rafael Ribeiro, Marcos Medeiros, José Muritiba, André Novelino, Pedro Cursi e Jhenyffer Coutinho tiveram a oportunidade de vivenciar essa experiência. Receber em Rondônia nomes conhecidos nacionalmente, proporcionou uma outra perspectiva para as pessoas daqui. Passamos a acreditar que poderíamos ter relevância, e de que nosso desenvolvimento estava sendo observado e acompanhado. Uma mudança de mentalidade importante e que foi aos poucos sendo sedimentada nos membros da Tambaqui Valley.
Após um ano de muitas realizações e mão na massa, veio a virada para 2020. O sentimento geral era de muita expectativa e a consolidação da nossa comunidade. Inclusive com a novidade de que teríamos um local físico para chamar de ‘casa’. O SebraeLab em Porto Velho foi inaugurado no dia 30/01, sendo um espaço ideal para comunidade realizar seus encontros e servir como ponto de referência. Os meses de janeiro a março, foram bem movimentados. Não apenas por conta da ‘nova casa’, mas também pelos programas de pré-aceleração que começamos a fomentar na região. O Victor Ribeiro foi selecionado como embaixador do Conecta Startups e eu como líder estadual do InovAtiva Brasil. Nossa missão era de engajar a comunidade e divulgar o máximo possível os programas, buscando startups para participarem. Por isso, realizamos diversas palestras nas instituições de ensino, procurando não necessariamente conseguir startups para se inscreverem, mas principalmente, apresentar um cenário de oportunidades para quem quer empreender e montar uma startup.
Nesse ponto contávamos com membros engajados e que participavam dentro das iniciativas. Nosso ‘núcleo feminino’ sempre foi uma força motriz para levar nossa comunidade adiante. Muitas contribuíram e se destacaram durante essa jornada: Renata Luz, Carime Afonso, Karla Corrêa, Keiti Oliveira, Amanda Barbosa, Simone Áurea, Amanda Oliveira e a Alessandra Paiva. Fazendo o ‘mea culpa’, tenho consciência de que não tivemos mais participação pela falta de clareza sobre a ‘jornada dos membros’ dentro da Tambaqui Valley. Sabia que ainda havia muito a ser feito e diversos pontos deveriam ser melhorados. Era hora de amadurecer e passar a ter processos mais estruturados, planejamento de médio e longo prazo, governança e regras definidas, entre diversos outros itens de gestão.
E eis que a pandemia chegou com tudo! Exatamente quando nos preparávamos para estruturar melhor nossa comunidade, o mundo parou. Tivemos de ‘pivotar’ nosso planejamento e rever tudo. Um mundo novo emergiu, onde nos acostumamos a ficar isolados, interagir atrás das telas do computador e nomes como Zoom, Meet, Streamyard, Teams, tornaram-se familiares. A partir de então, os eventos e encontros tiveram de operar sob novas premissas e modelos mentais. Inclusive, o primeiro encontro pós-pandemia foi apenas para ouvir uns aos outros. Se estavam bem, o que sentiam, como estavam lidando com a ansiedade e angústia em tempos tão complicados. Não tinha um tema, nem tampouco a entrega de algum conteúdo específico. Apenas um encontro online e despretensioso, porém que contribuiu bastante para o que eu acredito ser uma das funções de uma comunidade: oferecer apoio e ser um espaço acolhedor para as pessoas.
Enquanto o mundo surtava, tentávamos manter a comunidade funcionando. Participamos, organizamos e realizamos diversos eventos online (NASA Space Apps, InovAtiva Experience, Start Amazônia, SW Covid-19, StartupOn, lives com outras comunidades do Brasil, entre muitos outros). As barreiras físicas não existiam mais, impulsionando a Tambaqui Valley de uma forma que não poderíamos nem imaginar. Estar no norte do país, em uma região considerada ‘fora do eixo da inovação’, deixou de ser fator um limitante. Soubemos aproveitar essa situação e ganhamos muita visibilidade nacionalmente.
De forma intuitiva estávamos cumprindo um dos OKRs que definimos antes da pandemia. Confesso que não foi algo premeditado, ou que seguimos a risca algum playbook para direcionar nossas ações. Como pude comprovar em diversas fases da minha vida, muitas vezes nossos movimentos podem ser considerados não uma sequência de pontos conectados, mas sim uma malha de linhas entrelaçadas. Nunca vamos conseguir entender o desdobramento e os efeitos futuros, olhando-se pela perspectiva presente. Ao longo da minha vida, percebi que o melhor mesmo é aprender fazendo, adaptando-se durante o processo e aceitando a complexidade das situações. Aliás, bons predicados para se tocar uma comunidade de startups.
Voltando para os OKRs, tínhamos definido três objetivos principais:
- Visibilidade (aumentar o conhecimento no ecossistema local e nacional sobre nossa comunidade)
- Engajamento (aumentar o número de membros que participam ativamente das atividades)
- Relevância (aumentar nossa proposta de valor, trazendo benefícios para as startups e empreendedores)
Apesar de não terem sido executados da melhor forma, esses OKRs contribuíram para se ter um mínimo de direcionamento das iniciativas da Tambaqui Valley. Uma comunidade com muita vontade, diversas falhas mas que está sempre aprendendo e aos poucos, vai conseguindo colocar Rondônia no mapa da inovação nacional.
Mas isso é assunto para terceira parte dessa jornada.